Teatro do Grotesco
Donald Trump estava zangado. Não tinha ganho o Prêmio Nobel da Paz. Mas Gianni Infantino, o presidente da FIFA, ocorreu solícito com a solução. Na cerimônia em Washington DC para definir os grupos de países que disputarão a Copa do Mundo de 2026, Infantino deu a Donald Trump o “Prêmio FIFA da Paz”. Isto em um momento em que o Congresso dos Estados Unidos investiga a administração de Donald Trump por executar em alto mar náufragos que tinham sobrevido a um ataque da Marinha americana em uma ação que, se não é crime de guerra, configura-se como homicídio doloso.
Jair Bolsonaro está zangado, condenado e preso no Brasil por uma tentativa de golpe de estado. Mas Eduardo Bolsonaro, seu filho, que mudou-se para os Estados Unidos e passou a solicitar a Donald Trump medidas de represália contra uma decisão soberana do governo brasileiro, foi a Israel pedir a Benjamin Netanyahu que interceda para “libertar” seu pai. Benjamin Netanyahu, como é público e notório, tem sobre sua cabeça um pedido de prisão pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio e foi condenado pelo mesmo motivo pela Comissão Independente da ONU. É também notável que Benjamin Netanyahu esteja no momento respondendo a julgamento em Israel por corrupção e tenha pedido apoio a Donald Trump para salvá-lo.
É o Teatro do Grotesco.