O jogo de “La Vergüenza” no Maracanã
No dia de hoje, 3 de setembro, há 36 anos, aconteceu um dos mais vergonhosos espetáculos na história da quase centenária Copa do Mundo de Futebol.
Foi o dia em que a Seleção Chilena em peso, de seu técnico e seus dirigentes até todos os jogadores, fingiu ter sido vítima de uma agressão ao goleiro Roberto Rojas e retirou-se indignada do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Era uma das partidas eliminatórias do continente sul-americano para a Copa do Mundo de 1990, na Itália.
Mas o que se passava era transparente aos olhos de qualquer iniciante na carreira de dedetive: o Chile precisava ganhar a partida para conseguir a desejada classificação, estava perdendo o jogo por 1 a 0 e já nos aproximávamos dos 30 minutos do segundo tempo.
Foi então que um acúmulo de circunstâncias favoreceu a trama: uma candidata à carreira de modelo, desejosa de publicidade, atirou um foguete ao gramado.
Ele caiu na grande área chilena e, imediatamente, o goleiro Roberto Rojas caiu também ao chão, como que fulminado.
Os chilenos retiraram-se de campo, lançando imprecações contra a torcida e contra os jogadores do Brasil. Passaram a exigir que o Brasil fosse desclassificado pela FIFA, o que lhes garantiria o direito de ir à Copa na Itália.
Roberto Rojas sangrava na testa. Apurou-se depois que ele mesmo havia feito o corte, com um pequeno canivete que trazia escondido.
Eu tinha acabado de chegar de uma viagem à Europa e, em uma coluna no “Jornal dos Sports,” comparei a Seleção Chilena, conhecida como “La Roja”, a um desorganizado Exército Brancaleone.
A tramóia era tão transparente que foi desmascarada em pouco tempo. O Chile, que já perdia em campo, foi oficialmente considerado como tal pela FIFA e, mais, proibido de sequer tentar uma classificacão para a Copa do Mundo seguinte, a de 1994, nos Estados Unidios.
Copa que, por sinal, o Brasil ganhou. Ao Chile, “La Vergüenza”. Quanto à candidata à carreira de modelo, conseguiu ao menos em parte o que desejava: foi posar nua para a revista Playboy.